Uma visão do que me rodeia

Sempre que escrevo neste blog, será sempre a minha visão pessoal e politica do que se passa á minha volta e no meu dia a dia, nada mais do que isso.

Portalegre

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Crisfal

quinta-feira, 14 de maio de 2020

CRISFAL, uma história ...






















 Vende-se, uma simples palavra exposta num edifício decrépito para quem passa pouco diz ou não tem motivo de interesse. Mas recordando o passado e aplicando a máquina do tempo recuo até agosto de 1967 quando com 11 anos e oito meses um acontecimento fez com que este mesmo edifício no seu esplendor me tivesse acompanhado ao longo de todos estes anos.
Pode-se dizer que nada teve de especial esse dia no mundo, mas para uma criança foi o conhecer pela primeira vez a magia do grande ecrãn, a magia do som potente que saia das colunas.
Nessa noite que me lembro de um calor como só no Alentejo se encontra, entrei pela primeira vez numa sala de cinema, e tudo graças ao meu querido e persistente tio José Carlos Ceia. E digo persistente pois como se lembram um pequeno jovem que lhe faltava três meses para comemorar os seus doze anos e ainda por cima tendo um corpo franzino e que mais aparentava ter dez anos, nunca o teriam deixado entrar no cinema sendo o filme classificado para maiores de 12 anos, e como lembro só a persistência do meu tio de volta do porteiro cerca de uns quinze longos minutos que a mim pareceram séculos tal a emoção que se vivia dentro do meu ser.
Ainda hoje me lembro do filme, “A Rainha Viking”, um filme que adorei e ainda hoje recordo a sua história passada na Grã Bretanha e que quando acabou me deixou aborrecido porque a minha heroína acabou por sucumbir ao poderoso exército romano, hoje penso que foi o meu primeiro filme mas também o primeiro a ensinar-me que mesmo morrendo como aconteceu à Rainha e mesmo ela sabendo que iria ser a sua sina, mesmo assim não se deve deixar de lutar por aquilo que consideramos ser o correcto, o justo, e sobretudo lutar por nós pelo nosso povo e pelo nosso país é um dever que nunca deve ser atraiçoado.
Por tudo o que aprendi nessa longínqua noite de 1967, quero sublinhar que este edifício hoje parece esquecido pela cidade de Portalegre e por muitos que como eu lá viveram e saborearam o prazer do cinema não quero deixar de ao escrever esta pequena história homenagear não um homem, não uma mulher, mas simplesmente homenagear um edifício que ainda se chama Cineteatro “CRISFAL”.
E perante o poder político só digo, que pena como vocês deixam perder-se toda uma história que através destes edifícios, destes jardins destas paredes que nos acolhem e nos fazem viver e que aos poucos vão desaparecendo da história desta linda cidade.
Ao meu tio José Carlos que hoje já nos deixou mas a mim deixou-me sempre a primeira vez que saboreei o cinema…

As minhas fotos

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