Uma visão do que me rodeia

Sempre que escrevo neste blog, será sempre a minha visão pessoal e politica do que se passa á minha volta e no meu dia a dia, nada mais do que isso.

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Crisfal

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Voto de pesar pela morte de José Saramago

Na Assembleia de Freguesia de Queluz do dia 28 Junho, foi apresentada pela bancada da CDU, um voto de pesar pela morte de José Saramago.
Este voto foi aprovado por unanimidade pelos vogais presentes na Assembleia de Freguesia, após a votação toda a sala prestou homenagem com a realização de um minuto de silêncio.
Para que sejam conhecedores do descritivo do voto de pesar aprovado, passo a transcrevê-lo na integra.

"Voto de pesar pela morte de José Saramago

Nasci numa família de camponeses sem terra, em Azinhaga, uma pequena povoação situada na província do Ribatejo, na margem direita do rio Almonda, a uns cem quilómetros a nordeste de Lisboa. Meus pais chamavam-se José de Sousa e Maria da Piedade. José de Sousa teria sido também o meu nome se o funcionário do Registo Civil, por sua própria iniciativa, não lhe tivesse acrescentado a alcunha por que a família de meu pai era conhecida na aldeia: Saramago.

Assim começou, pelas próprias palavras do autor, a vida do homem que viria a ser muito mais do que os sonhos mais atrevidos e ambiciosos poderiam jamais imaginar, para um menino pobre de uma aldeia de Portugal. O menino fez-se homem e contra todas as mais comuns e censuradoras expectativas fez-se um génio! Um homem de uma dimensão humana, intelectual e espiritual gigantesca. Um homem que pautou toda a sua vida pela forte e inabalável convicção, que neste mundo há direitos que não podem ser ameaçados. Um homem que nunca deixou, que a ameaça do politicamente incorrecto, ou das falsas polémicas, o fizessem ser quem não era.

José Saramago foi e é, porque os génios nunca morrem, talvez o maior escritor da língua portuguesa, trouxe para Portugal a honra e o prestígio imenso do Nobel da Literatura e deu a conhecer o nosso país ao mundo, porque quem já leu sabe bem, Saramago escrevia sempre sobre Portugal.

Nada mais injusto então, do que as palavras daqueles que acusavam Saramago de renegar ao seu país, pois Saramago era a pátria, a voz incansável e afoita de um Portugal que fechado na sua concha de ditadura mal resolvida, desejava ver mais além e sonhar com uma sociedade mais justa e solidária. Aliás como o próprio disse recentemente, “nunca renunciei a Portugal, fazê-lo seria como renunciar ao meu próprio sangue.”

Mas e se de repente a humanidade ficasse cega? Não do negrume habitual mas de uma claridade ofuscante! E se de repente um frade, um maneta e uma mulher construíssem de madeira um pássaro e voassem dentro dele? E se de repente a morte não matasse mais? E se Portugal e Espanha fossem um só, mar adentro, afastando-se mais e mais da velha Europa a caminho do novo mundo?

Criaste mundos impossíveis e tornaste-os possíveis ainda por cima!

Quem eram as tuas personagens senão nós? Senão tu mesmo? Porque não deixaste as respostas cirúrgicas, as mezinhas para o nosso conforto imaginário? Deixaste as perguntas, as dúvidas corrosivas, a vontade de procurar e de olhar para dentro quando à volta já for pouco!

A morte ficará sempre a ganhar por isso dá-nos uma vida de avanço. E tu, gastaste a vida que te deram a tornares-te imortal…

Não nos perdemos porém, no meio da sua fabulosa obra, e erguemos também em saudação a memória do camarada leal, que toda a vida se manteve ao lado do partido comunista português, movido por um compromisso feroz e por vezes sublime, com o ideal de Abril.

Aqui te saudamos, sem nos despedirmos camarada. Lembrando os que como tu nos deixaram para sempre o legado da obra social, política, artística e humana. Os que nos marcaram e mudaram, para que essa mudança se reflectisse nos que nos seguirão e no seu mundo. Porque o homem tomba mas as ideias não! Até sempre Saramago!!!!"

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